sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Palavra do Pastor - Outubro / Novembro de 2011 - Dom José Luiz Bertanha

Saudades dos entes queridos: memória dos que morreram...

Dias dos finados, dia que toca a todos nós, pois a morte, apesar de ser absoluta certeza humana, constitui-se uma experiência difícil. Todas as formas de religião, as correntes filosóficas, ideologias buscam explicar o seu sentido e o seu significado... sem grande êxito. Para o filósofo Gabriel Marcel, a vida tem sentido de esperança. Heidegger não era cristão, mas afirmava ser a vida um caminhar para a morte. Não a via, como um desastre, fatalidade, desgraça, mas como uma espécie de síntese de tudo o que é a nossa vida presente, quando sabemos assumi-la com dignidade. 
 Entretanto, a nossa morte encontra seu verdadeiro sentido ao ser confrontada com a morte de Cristo. Somente à revelação divina, o túmulo tem significado ultra-terreno. Quantos que visitam os túmulos de seus entes queridos: uns depositam flores, outros sentidas lágrimas, todos por certo, a delicadeza de uma prece, suscitada pela fé e amparada pela esperança. Acreditamos todos que a vida continua no além.
 Jesus diz que esperou ardentemente a hora que viesse a Páscoa (Lc.22,15),isto é, a passagem da vida terrena para a vida eterna. Seu corpo ressuscitado e glorificado, iria definitivamente para junto do Pai, antecipando o que também haveremos de experimentar: “Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei para tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também estejais” (Jo,14,3)
 No dizer de S. Francisco, a morte é nossa irmã e vem a todos, ao fraco e ao forte (Cântico das criaturas). Porém, o ser humano sempre teve e tem dificuldades em aceitá-la. Ela encerra em si um mundo desconhecido.
 Quem crê na vida eterna deve guardar o momento de sua partida para a casa do Pai como um ponto de encontro esperado há tempo e com muita alegria. Na Sagrada Escritura são muitas as imagens positivas do momento da morte e sempre está presente a consolação de Deus. Jesus usou figuras de festa para demonstrar a vida eterna como banquete, festa etc. Paulo apóstolo nos dá uma idéia da impossibilidade de uma explicação: “o que os olhos nunca viram, os que os ouvidos nunca ouviram, nem o que jamais passou pelo coração do homem, Deus preparou para aqueles que o amam” (1Cor.2,9). Para se ter uma morte santa, importa viver uma vida digna, honesta. Mesmo que ela chegue improvisadamente, de repente, estaremos sempre preparados para ir ao encontro do Pai. Diz S. João: “passamos da morte para a vida, quando amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1 Jo.3,14). No prefácio da missa dos mortos, rezamos que “Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada e desfeito nosso corpo mortal,nos é dado, nos céus, um corpo imperecível e glorioso”!
 Também rezamos com freqüência: “ Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”.Que a Mãe de Jesus esteja presente para nos acompanhar rumo à pátria definitiva: quando passaremos do momento mortal para a imortalidade, da condição terrena e passageira para a posse da realidade eterna e feliz, na glória do Pai.

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